Não... Me escuta! Não é possível que essa sua maldita mania
de tomar suas prioridades como minha não tenha acabado. É, é exatamente isso...
Você e sua maldita mania! Egoísta! E – go... Hãn?! Do que você tá falando? Não
vê tudo que abri mão por você? Não vê do que estou abrindo mão dia após dia? Eu
não posso acreditar no que estou ouvindo... Não, não é possível, parece que não
me nota, não sabe nada de mim... Sim, sim, eu tenho necessidades, eu também
choro, eu também sinto saudades, eu sou humana sabia? Eu não sei o quanto mais
vou aguentar!... É isso mesmo, eu tô cansada! Mais que isso, eu tô exausta! Claro
que não vou te deixar, sabe que não poderia, ficaremos juntos até o fim. E sim,
você sabe, faço qualquer coisa pra te ver bem. Qualquer coisa! Mas por favor,
entenda, eu preciso respirar, preciso ter um tempo de sonhar, um tempo de ócio.
Só isso.
sábado, 27 de dezembro de 2014
sábado, 6 de dezembro de 2014
T
Ele sussurrou em meu ouvido que me amava e eu tentei a todo
custo amá-lo de volta. Foi um sussurro tão sincero, tão tocante, qualquer uma
ficaria vislumbrada, qualquer uma gostaria de ouvir, mas eu não. Nem tesão eu
sentia mais, como podia eu não sentir mais tesão? Às vezes, no meio da noite,
quando sabia que precisava de mim e me abraçava, eu pensava que estava longe,
queria fugir dali. Meu coração já despedaçado não sabe mais o que é amar e talvez
por isso não sinta prazer em ter por perto, mas tesão? Ele me disse que eu não
sabia abraçar. Como ousa? Esta é uma das três coisas que sei, junto com sofrer
e mentir. Mas ele estava certo, eu não sabia abraçar, então talvez não soubesse mais mentir, e estivesse me enganando achando que estava mentindo quando era a mais
pura verdade que dizia. Talvez não soubesse mais sofrer e por isso estivesse me
tornando essa pessoa fria, vazia e sem tesão. Mas como se vive sem tesão? Não
se vive assim, essa é a verdade. Vou esperar a próxima chuva, para que ela me
traga aos olhos a cegueira do prazer, assim talvez eu recomece, eu descubra o
que me falta, talvez eu perceba que de tudo, só o que me falta é você.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Um xote
É um abraço meio manso, meio dengoso, meu sem jeito. E você
anda abraçada pra lá e pra cá. E encosta o rosto, vai misturando seu cheiro,
misturando suor, encostando a perna, o peito, o coração. E vai mexendo o ombro,
a perna a cabeça, a mente, a alma. E vai se lavando, se renovando, renascendo a
cada giro. E vai encostando mais, se tornando um só, grudando, pertencendo,
dançando. E depois? Você não tira mais
esse balanço da cabeça, porque ele te ganhou e você precisa dele pra respirar
ou morrer de tanto se afogar nesse prazer.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Esse tal do amor...
Esse tal de amor que todos buscam me irrita, me causa toda
aquela náusea, todo aquele asco que vem de vez em vez, quando você encontra
algo que despreza com sua alma. Essa busca pelo tal do amor, isso é o que ela me
causa. E não pelo fato de se buscar algo tão remotamente provável, mas pelo
fato de que ninguém sabe exatamente o que isso é.
Encontrar alguém
que te faça feliz, que te complete, que te faça sentir a plena e mais pura
alegria por acordar todos os dias ao lado de uma pessoa completamente
descabelada, com os olhos sujos, cara amassada e sabe-se lá o que mais. Então,
me pergunto, porque as pessoas julgam o amor pelo tamanho do sofrimento, pela
quantidade de coragem que se tem de arriscar, pelas lágrimas derramadas, pelas
noites perdidas, pelas coisas que te faziam bem e que foram deixadas de lado
para que se possa obter esse tal amor.
Não, nenhuma
dessas pessoas sabe o que é amor, elas não sabem e nem eu sei. Porque para se
sentir algo tão magicamente completo e belo, é preciso se permitir esperar, se
permitir ver além, é preciso aprender a aceitar erros, saber que se colocar
menor não é amar mais ao outro, é apenas se amar menos.
As pessoas
tem tanta pressa em encontrar algo que as preencha que se jogam no primeiro
poço, que tentam e tentam e acreditam que errando vão conseguir acertar, mas a
pressa por prazer, por carne, por ter com quem dividir o mínimo que seja de
suas próprias aflições os fazem apenas chegar ainda em vida ao fim para qual
nós todos estamos destinados, a eterna solidão.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Então...
Sabe quando aquele cara, aquele, é... Aquele que você havia
decidido ser O cara, a quem você dedicava seus melhores minutos do dia, aquele
por quem você abriu mão de viver, abriu mão de sair, de ter vida própria,
aquele que você imaginou te fazer feliz.
Sabe quando
aquele cara, que te trouxe flores, que te apresentou a todos os amigos, a toda
a família, que te levou a todos os lugares e te olhava como se admirasse uma
pedra preciosa e se gabava por poder mostrá-la a todos.
Sabe quando
aquele cara, o que iria te dá ou até deu filhos, que te falou de uma vida
juntos, que te falou de casamento, que te falou de amor verdadeiro, de amor pra
vida toda, aquele que jurou não mentir, não te magoar, não te fazer chorar, que
jurou ficar sempre ao seu lado.
Sabe quando
aquele cara, é só um cara, então...
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Like a girl
Não é sobre vestidos ou saltos altos que te colocam
gentilmente como uma bailarina. Não é sobre longos cabelos arrumados, ou tintas
que enfeitam a pele. Não é sobre tirar cada fio de cabelo que desarrume o
corpo, não é sobre unhas bem feitas. Não é sobre bucetas cheias de sangue, não
é nem mesmo sobre útero.
É sobre poder ser o que quiser, sobre ser quem quiser, sobre poder escolher, sobre ter voz, ter amor, ter coragem e ainda ter energia ao fim de tudo. É sobre um carinho que só quem sente pode falar, é sobre não precisar ser entendida pra ser aceita, é sobre ser de si mesma, sobre querer muito mais, sobre poder querer mais e saber que pode alcançar.
É sobre cuidado, sobre carinho, sobre atenção, sobre respeito, sobre ver além, sobre amor, na sua mais perfeita descrição, é sobre ser mulher.
É sobre poder ser o que quiser, sobre ser quem quiser, sobre poder escolher, sobre ter voz, ter amor, ter coragem e ainda ter energia ao fim de tudo. É sobre um carinho que só quem sente pode falar, é sobre não precisar ser entendida pra ser aceita, é sobre ser de si mesma, sobre querer muito mais, sobre poder querer mais e saber que pode alcançar.
É sobre cuidado, sobre carinho, sobre atenção, sobre respeito, sobre ver além, sobre amor, na sua mais perfeita descrição, é sobre ser mulher.
sábado, 9 de agosto de 2014
Engarrafamento
O tempo passa de forma ainda mais homeopática, cada girar de
roda, cada um dos milhares de desconhecidos presos nesse desgastante
engarrafamento, pensando em tudo que há de se fazer, como, talvez, estão
perdendo tempo, parados e trancados dentro de seus carros, como se fossem
jaulas a espera de andar mais um pouquinho em busca do tal jantar, do trabalho,
do sexo casual em qualquer esquina.
Eles não
notam que não perdem tempo em seus carros, perdem tempo mesmo é a cada dia que
vão para aquele trabalho odioso e cruciante, quando andam de mãos dadas com
alguém que não é de fato importante, que perdem tempo por omitirem seus
sentimentos, perdem tempo por viverem nessa mania de outono, rosto virado para
o lado, com olhar perdido em busca de algo que talvez nunca encontrem, pois não
prestam de fato atenção, só sobrevivem sem muita esperança do que realmente
possa significar isso tudo.
Talvez
fosse essa a hora de notar que suas vidas andam tão paradas quanto as rodas de
seus carros, presos nessa longa estrada, hora de perceber que o tempo está passando e é mais que chegada a hora de viver, viver intensamente, buscar um
sentido pra o sorriso nosso de cada dia, buscar um amor, buscar um bom livro,
buscar olhar as paisagens ao redor, buscar, com todas as suas forças, talvez,
ser feliz.
sábado, 26 de abril de 2014
Das coisas que calei
Querida F.,
Talvez
querida não seja a palavra mais adequada a esse momento, mas precisava chamá-la
de alguma forma. Sinto por escrever esta carta como se tudo fosse muito
natural, mas algumas coisas precisavam ser ditas, pois ao arrumar minhas
lembranças, achei uma caixa empoeirada, dentro dela havia todas as coisas que omiti
ou oprimi por sua causa.
Primeiramente, gostaria que soubesse
que me dói muito saber que nunca me amou o bastante do jeito que sou, mas
apenas a farsa que criei pra te agradar. Nunca deixei de tentar te fazer sorrir,
nunca quis te magoar e sempre evitei ao máximo isso, mas você nunca notou, ou
fingiu não vê meu sofrimento. Impôs-me de formas brutalmente psicológicas como
eu deveria agir, passei tanto tempo interpretando por você que cheguei a me
esquecer por um tempo de mim.
Segundo, me
dói ainda mais saber que tem esse pensamento errôneo, machista, medieval e que
em nenhum dos seus pensamentos vem a minha felicidade. Nunca ligou o quanto
sofri, o quanto chorei, o quanto fui forte por você, pensou apenas que era sua
vez de se sentir bem, alheia a tudo que eu sentia. Como pode ser assim? Como
pode ser tão insensível aos meus sentimentos?
Em
terceiro, sei de muitas coisas escondidas, como fato que desejou minha morte,
ou que disse que passaria a me desprezar por não acatar sua vontade, ou ainda,
o fato de que eu me arrependeria. Já me arrependo. Arrependo-me de ter me doado
a você, de sempre pensar em você antes de mim. Eu poderia ser tão feliz, mas
joguei tudo para o alto e no momento em que busquei estar bem você me tratou como
se eu fosse um caderno velho no qual você escreveu o que quis, mas quando não
havia mais nada a ser escrito ele se tornou inútil, além do que, você não queria mais
nada do que tinha anotado e por isso me jogou pra fora de sua vida.
Nossa
relação ou possibilidade de qualquer tipo de aproximação morreu dois anos atrás
e eu, ingênua, não quis vê. Pensei que poderia fazer dar certo, mesmo com
tantos indícios que não. Mas como poderia eu desistir tão fácil? Na época
realmente não sabia, no entanto, isso me custou caro demais. Não pense que vou
chorar por nós, porque não posso mais. Já que é pra morrermos, que seja de
forma fria, você quis assim e eu vou respeitar sua última vontade em minha
vida.
Um dia,
talvez, perceba tudo que fez comigo, espero que não seja tarde demais. Meu
corpo aos poucos vai se tornando inerte, meus pensamentos se calando e meu amor
por você morrendo. Meu olhar já estava morto, então talvez, você nem venha a
notar, mas dentro deles, hoje, há uma tristeza imensurável e você é a maior
culpada dela. E eu, vou me calando e definhando enquanto ninguém vem me resgatar.
Queria que
tudo tivesse sido diferente, queria que tivesse me entendido, tentado me amar
por mim, queria que tivesse sido o que fora destinada a ser pra mim, mas sempre
agiu distante. Engraçado como não aprendeu nada com a vida, engraçado como a
história se repetiu e você interpretou os dois papéis. Engraçado como tudo que
digo parece um natural adeus, mas não é.
Da
quase que sempre sua,
P.
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Ninfa
Ela era
comum, quase não chamava atenção, comia calada. Não sabia amar. Não sabia
fuder. Não gozava. Seu prazer era utópico. Andava por
ai com ares de quem buscava não se sabe o que. Dormia e sonhava sendo outro
ser. Morreu
ainda em vida, era inerte até no cantar. Viveu só e foi sempre só, ainda que
rodeada de pessoas. Teve em seu
fim um alívio, sentiu tesão pela morte, pelo seu próprio fim, por tudo acabar.
Acabou.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
A um passarinho
Ele estava certo, em tudo. Quando paro para escutar suas
letras, para recitar cada verso de minha vida colocado em forma de poema, me
surpreendo. Ele não me conheceu, não a pessoa, mas descreveu minha alma como ninguém
havia feito. E em meio à solidão, a pia de pratos que espera ansiosa e o
barulho da TV pela ilusão de ter alguém por perto, me pego escrevendo.
Resolvi
escrever e pensei, sobre o que? Sobre amor, talvez, mas não seja apta a
fazê-lo, de fato, ninguém realmente é. Devo saber discorrer melhor sobre ódio,
mas não é algo que valha a pena ler. Quem sabe então sobre a esperança, ainda
que não me tenha sobrado muita. No fim, é a solidão que me toma, me nina em
seus braços, me traz as palavras e o cansaço, meus olhos caem sobre as páginas,
sobre o teclado, sobre meus sonhos.
Não sei de
fato o porquê de está escrevendo agora pra você, caro leitor, sobre coisa
alguma. Acredito que seja só um desabafo entre linhas para que você me tire o
peso, mas não precise carrega-lo, por não saber de fato do que se trata. Devo,
no entanto, confessar que nunca gostei de tentar adivinhar o que se esconde nas
entre linhas, sempre tive a maldita mania de interpretar erroneamente os fatos.
Caso lhe
sirva de consolo, talvez nem eu saiba do que estou falando, talvez eu só
precise conversar. Essas palavras soltas que lhe dedico não são nada além de
pensamentos confusos que já estavam me fazendo doer à cabeça e precisavam sair
de alguma forma.
Como eu
disse, anteriormente, a solidão caiu sobre meus olhos, eles cansaram de
procurar alguém ao redor e se fecharam. Hora de dormir, de sonhar, de buscar
algo que a realidade não pode me oferecer. Hora de tentar me reinventar. A
você, que agora me tira um pouco do peso que carrego, o meu MUITO OBRIGADO!
Assinar:
Postagens (Atom)