Vinicius
de Moraes disse, certa vez, que a felicidade não o deixava ser poeta. Agora eu,
me faço o mais romântico dos poetas pela dor e pela tristeza que sua ausência
me causa. Vou reaprender a sobreviver sem você, vou te guardar dentro de mim e vou
provar, mais uma vez, a mim, que é possível fazer de um falso sorriso, uma
máscara para os dias de aflição.
Certo
dia te descrevi em um poema e quando dei por mim, havia descrito o próprio
amor. Falei do seu sorriso e do que ele me causava, falei do seu abraço e de
como precisava estar ali, cheguei a falar dos seus olhos, mas lembrei de como
eram profundos e me perdi no que falava, então deixei pra lá.
Comecei,
então, a falar de seus defeitos e não demorou muito para elogiá-los, pois eu
também os amava. Resolvi, no entanto, ignorar suas qualidades, afinal todos
amam qualidades, sendo assim, não havia, de certo, um porque para citá-las. Mas
continuei a falar de você, te descrevi em cada detalhe, em cada gesto. Depois
rasguei o papel em que havia escrito tudo e joguei fora.
Não
havia porque colocar no papel e tentar tirar de mim o mínimo que fosse de você.
Você já me era uma parte essencial. Pensar em te esquecer, me fazia lembrar quanto o amava. Falar em te esquecer, era recitar poemas de amor. Fingir que
te esqueci era só uma constante lembrança da minha fraqueza de não ter te
esquecido. Então ignorei tudo, optei pelo fingir e fui dormir. Amanhã era mais
um longo.