Esse tal de amor que todos buscam me irrita, me causa toda
aquela náusea, todo aquele asco que vem de vez em vez, quando você encontra
algo que despreza com sua alma. Essa busca pelo tal do amor, isso é o que ela me
causa. E não pelo fato de se buscar algo tão remotamente provável, mas pelo
fato de que ninguém sabe exatamente o que isso é.
Encontrar alguém
que te faça feliz, que te complete, que te faça sentir a plena e mais pura
alegria por acordar todos os dias ao lado de uma pessoa completamente
descabelada, com os olhos sujos, cara amassada e sabe-se lá o que mais. Então,
me pergunto, porque as pessoas julgam o amor pelo tamanho do sofrimento, pela
quantidade de coragem que se tem de arriscar, pelas lágrimas derramadas, pelas
noites perdidas, pelas coisas que te faziam bem e que foram deixadas de lado
para que se possa obter esse tal amor.
Não, nenhuma
dessas pessoas sabe o que é amor, elas não sabem e nem eu sei. Porque para se
sentir algo tão magicamente completo e belo, é preciso se permitir esperar, se
permitir ver além, é preciso aprender a aceitar erros, saber que se colocar
menor não é amar mais ao outro, é apenas se amar menos.
As pessoas
tem tanta pressa em encontrar algo que as preencha que se jogam no primeiro
poço, que tentam e tentam e acreditam que errando vão conseguir acertar, mas a
pressa por prazer, por carne, por ter com quem dividir o mínimo que seja de
suas próprias aflições os fazem apenas chegar ainda em vida ao fim para qual
nós todos estamos destinados, a eterna solidão.