O tempo passa de forma ainda mais homeopática, cada girar de
roda, cada um dos milhares de desconhecidos presos nesse desgastante
engarrafamento, pensando em tudo que há de se fazer, como, talvez, estão
perdendo tempo, parados e trancados dentro de seus carros, como se fossem
jaulas a espera de andar mais um pouquinho em busca do tal jantar, do trabalho,
do sexo casual em qualquer esquina.
Eles não
notam que não perdem tempo em seus carros, perdem tempo mesmo é a cada dia que
vão para aquele trabalho odioso e cruciante, quando andam de mãos dadas com
alguém que não é de fato importante, que perdem tempo por omitirem seus
sentimentos, perdem tempo por viverem nessa mania de outono, rosto virado para
o lado, com olhar perdido em busca de algo que talvez nunca encontrem, pois não
prestam de fato atenção, só sobrevivem sem muita esperança do que realmente
possa significar isso tudo.
Talvez
fosse essa a hora de notar que suas vidas andam tão paradas quanto as rodas de
seus carros, presos nessa longa estrada, hora de perceber que o tempo está passando e é mais que chegada a hora de viver, viver intensamente, buscar um
sentido pra o sorriso nosso de cada dia, buscar um amor, buscar um bom livro,
buscar olhar as paisagens ao redor, buscar, com todas as suas forças, talvez,
ser feliz.
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