sábado, 9 de agosto de 2014

Engarrafamento

            O tempo passa de forma ainda mais homeopática, cada girar de roda, cada um dos milhares de desconhecidos presos nesse desgastante engarrafamento, pensando em tudo que há de se fazer, como, talvez, estão perdendo tempo, parados e trancados dentro de seus carros, como se fossem jaulas a espera de andar mais um pouquinho em busca do tal jantar, do trabalho, do sexo casual em qualquer esquina.
            Eles não notam que não perdem tempo em seus carros, perdem tempo mesmo é a cada dia que vão para aquele trabalho odioso e cruciante, quando andam de mãos dadas com alguém que não é de fato importante, que perdem tempo por omitirem seus sentimentos, perdem tempo por viverem nessa mania de outono, rosto virado para o lado, com olhar perdido em busca de algo que talvez nunca encontrem, pois não prestam de fato atenção, só sobrevivem sem muita esperança do que realmente possa significar isso tudo.
            Talvez fosse essa a hora de notar que suas vidas andam tão paradas quanto as rodas de seus carros, presos nessa longa estrada, hora de perceber que o tempo está passando e é mais que chegada a hora de viver, viver intensamente, buscar um sentido pra o sorriso nosso de cada dia, buscar um amor, buscar um bom livro, buscar olhar as paisagens ao redor, buscar, com todas as suas forças, talvez, ser feliz.

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