sexta-feira, 25 de maio de 2012

Tudo que havia de ser dito

E é justamente nos momentos de solidão que você me vem a cabeça e eu sinto o buraco no peito, que machuca toda vez que tento fingir que não está com você o pedaço que me falta no peito. Todo o resto foi machucado e vai se machucando com suas palavras, com seu desprezo e ficam as dúvidas, de como poderia ter sido, de como é possível ter tido uma pessoa e perdido e o porque de prosseguir te amando, por mais que você não acredite nesse amor! Sobra tanta falta. Falta de tudo, dos sonhos, das lembraças, falta de você, falta de mim. Falta tudo. Seguir talvez não seja a melhor opção, no entanto, é a única. Porque não há como ficar calada, parada, e não pensar que sem você sempre há de me faltar algo, algo tão essencial quanto o ar, mas eu tive que aprender a sobreviver sem, a morrer em vida, todos os dias...

sábado, 19 de maio de 2012

Se passa... por aqui


Por mais que não se acredite, há coisas que são feitas sem pensar. Sabe-se que é um erro, mas faz-se da mesma forma. Há coisas boas que acontecem em momentos ruins, são corrompidas pelos momentos ruins e apodrecem. Há historias de amor tão intensas que duram instantes. Há sorrisos que demonstram mais tristezas que enxurradas de lágrimas. A verdadeira ironia da vida é viver. Eu sinto muito, realmente sinto. Nunca amei tanto e nunca magoei tanto alguém. Em outra hora, outra situação, tentaria ser perfeita. Perfeição está tão longe de mim por hora. Inerte sim, volto a ser o que era antes pra conseguir sobreviver ao tsunami que se aproxima. Ele vem vermelho, sujo, hemorragia interna. Só quem passa sabe o que é estar confusa a ponto de não se reconhecer mais. E ter na lágrima do outro sua própria cova.

domingo, 6 de maio de 2012

Doce infância


            Quando criança adorava tempo de chuva. Lembro de jogar na cama dos meus pais, deitar entre eles e ficar por horas conversando e vendo TV, não havia nada que pudesse superar essa alegria. Um único cobertor protegia os três do frio, nos unia a cada segundo mais, ali soube o que é está plenamente feliz, não importavam os problemas, ali somente havia amor e felicidade.
            Nas noites de pesadelo, sabia que podia chamar, sempre haveria minha mãe por mim e se eu pegasse no sono no sofá, meu pai faria dos braços berço e me levaria até a cama me dando um último beijo de boa noite. Às vezes ainda me deixavam dormir na cama deles, ali eu sabia que nada no mundo poderia me ferir, eu sonhava, desejava a eternidade daquele momento.
            Agora as noites de frio me assustam por não ter ninguém por mim, se dormir no sofá, o mais próximo de mudança é acordar no chão e a felicidade, essa eu nem sei onde foi parar. Eternizo apenas lembranças, torço para que amanheça depressa, temo a qualquer barulho e choro por medo, da solidão, do frio, da indiferença.
            Meus ombros andam caídos, pesam uma tonelada e sorrir me custa. Acordar com a casa vazia e o café por fazer tira o pouco de ânimo que tento ao máximo reter em mim. A luz do sol me cega, não me deixa enxergar a vida, as flores ou o que possa haver de belo.
            Mas esse desabafo é a toa, nada vai mudar, amanhã começa tudo de novo, amanhã só terei a certeza de ter aguentado firme por mais um dia. E amanhã espero que os “adeus” que recebi não doam tanto, não me façam chorar, porque aos poucos estou secando, me perdendo de mim e não sei se saberei voltar.

Lamúria


Finda sendo o silencio a força da minha voz. E os cacos no chão, o tapete onde desfila meu sorriso tímido. Acabo por esquecer o motivo que tive pra te esquecer. Mas tenho no cansaço a certeza de continuar em pé. Nas lágrimas vejo que a vida é doce, ainda que cheia de amarguras. Me pego pensando, sentindo, chorando. Ás vezes até me pego amando e me pergunto se há realmente amor em mim ou se lhe entreguei tudo que restava. Corro ao celular cada segundo que me distraio para saber se há uma chamada, uma mensagem, uma noticia. A taça que me encara enche e esvazia sem que se note, sem que tenha se passado tempo para isso. A lágrima que rola em meu rosto, seca, some, fica eternizada. O tic-tac me anuncia quão longa será a noite. E o cobertor, me traz o aconchego que tanto preciso.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pausa para poesia I


Ato e desato nós
Eu desato em nós
E me perco em ti
Que se acaba em mim

Eu minto e desminto o mito
De que se alguém ama
Não comete erros
Não leva o outro ao fim

Provo que todo erro é de certo o certo
E que os acertos são concertos
Que cada “não” lhe leva ao “sim”
E que é sim possível conquistar um sonho

Existo e resisto a cada impacto
Encho-me de tudo e transbordo
Faço dos olhos cachoeira
E do silêncio canção

Findo e finjo um ser
Rio e sorrio da minha desgraça
Faço em cova meu castelo de areia
Para sobreviver a cada despertar