Já era chegada
hora de partir, mas como sair porta a fora se deixava ali meu coração? Junto a ela
estavam as malas com todos os meus pertences, nos olhos dela saudades, nos meus,
todo o arrependimento de tê-la feito chorar e entre nós, todo o amor já desgastado
pelos múltiplos erros!
Eu pensava em
mil e uma coisas que ainda haviam de ser ditas. Pensei em pedir perdão, pensei
em dizer quanto a amava, pensei em não dizer nada e apenas beijá-la, mas o que
se seguiu foi um “eu já vou indo” desajeitado e encabulado, pedinte de um “fique”
da parte dela, mas o que ouvi foi “já é mais que chegada a hora”.
Eu procurava,
em meio aquela expressão fria, o rosto que sempre carregava inúmeros sorrisos,
mas não havia marcas de felicidade ali. Doía saber que eu era culpado por
tamanha dor, que eu deveria sofrer por tudo aquilo e pensei em como resolver,
como tentar amenizar... Nada, nada vinha a mente!
Enquanto
caminhava para a saída pronunciava baixinho uma oração. Uma declaração de amor.
Um pedido de perdão. Uma suplica por um ultimo beijo. Então encontrei a porta
que esperava para ser utilizada por mim uma ultima vez. Engasguei um “adeus”
e sai.
Lá fora fazia
tanto frio que não se podia nem pensar direito, mas de repente abriu-se atrás de
mim uma porta. Eu a vi vindo em minha direção. Eu tinha certeza, ela me amava e
me daria uma nova chance, meu peito se encheu de alegria, de esperança, de
amor. Quando enfim chegou a mim, estendeu-me a mão e disse:
“Toma, você
deixou o casaco em cima da mesa e eu não quero nada que seja seu”.
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