quarta-feira, 24 de abril de 2013

Epitáfio


                Ando pensando em tudo que poderia te feito e não foi, tudo que deixei de aproveitar, do quanto dei valor a coisas e pessoas que não mereciam, e deixei passar por mim segundos, minutos, horas e dias com pessoas que hoje sinto falta. Ando pensado de tudo que me arrependo de ter ou não feito, não ter lutado por uns, de ter insistido em sonhos fúteis e inúteis.
                Penso em como poderia ser a minha vida hoje se eu tivesse tido a atenção, a coragem ou até a paciência de pensar diferente, de seguir por outro caminho. Se eu soubesse naquela época que o meu certo era errado e nem sempre se consegue compensar o preço que se paga por tais erros. Penso em como me sentiria hoje, agora, o que estaria escrito aqui no lugar desse epitáfio de arrependimentos.
                Pergunto-me se enfim aprendi com meus erros, se enfim vou saber tomar as decisões certas, mas me sinto tão fraca para encarar a verdade que sigo pelas encostas dela, sabendo o que se passa, mas fingindo para mim mesma que vai mudar e que amanhã será um novo dia aonde tudo, vai sim, melhorar, me iludo e aceito a ilusão como uma criança que apesar de ver sua mãe colocar presentes ao pé da cama, continua escrevendo cartas ao Papai Noel.
                Então me deparo com o reflexo de uma garotinha assustada, chorando e rezando aos céus, pedindo para que haja sim um Deus que mude tudo, que arranque a dor que ela carrega. Vejo-me chorando por saber que apenas eu posso arrancar a minha dor de mim, que apenas eu posso mudar minha vida e choro por não ser forte, por ter medo, por continuar insistindo nos mesmos erros.
                Fica aqui a minha vontade de voltar atrás em tantas coisas para mudar tantas outras, de ser alguém diferente, de voltar a ser um pouco do que eu era, fica aqui também o meu pedido de desculpas a muitos, por razões diversas, algumas que não fui nem culpada, mas que gostaria de ter tentado impedir, ajudar, ter ao menos tentado, pra no hoje não me consumir com a tristeza de não ter feito, quases não fazem historia, fazem memórias sofridas. E desculpas não mudam futuros, mas aliviam, mesmo que minimamente a alma no presente.
                Desculpa, por não ter lutado por você, não ter te ajudado a passar de ano, não ter insistido; por ter falado com você, talvez não te conhecer fosse a solução, desculpa por ter cansado, mas não me arrependo; desculpa por ter me afastado, ter te deixado sem notícias; desculpa por ter feito tudo que fiz, por te transformar nesse alguém; desculpa por ter deixado acontecer, ter permitido que você se deixasse levar por ele; desculpa por não ter evitado a briga de vocês, eu queria ter feito algo, ainda quero, é um dos meus maiores arrependimentos; desculpa a você, por ter mentido, por te fazer desconfiar, desculpa por a cada dia lutar comigo mesma tentando acreditar que tudo vai mudar, desculpa por ter medo que não mude(...); desculpa por não ter dado a devida importância, por não ter insistido, não ter estado mais tempo ao seu lado, perdão. 

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