domingo, 6 de maio de 2012

Doce infância


            Quando criança adorava tempo de chuva. Lembro de jogar na cama dos meus pais, deitar entre eles e ficar por horas conversando e vendo TV, não havia nada que pudesse superar essa alegria. Um único cobertor protegia os três do frio, nos unia a cada segundo mais, ali soube o que é está plenamente feliz, não importavam os problemas, ali somente havia amor e felicidade.
            Nas noites de pesadelo, sabia que podia chamar, sempre haveria minha mãe por mim e se eu pegasse no sono no sofá, meu pai faria dos braços berço e me levaria até a cama me dando um último beijo de boa noite. Às vezes ainda me deixavam dormir na cama deles, ali eu sabia que nada no mundo poderia me ferir, eu sonhava, desejava a eternidade daquele momento.
            Agora as noites de frio me assustam por não ter ninguém por mim, se dormir no sofá, o mais próximo de mudança é acordar no chão e a felicidade, essa eu nem sei onde foi parar. Eternizo apenas lembranças, torço para que amanheça depressa, temo a qualquer barulho e choro por medo, da solidão, do frio, da indiferença.
            Meus ombros andam caídos, pesam uma tonelada e sorrir me custa. Acordar com a casa vazia e o café por fazer tira o pouco de ânimo que tento ao máximo reter em mim. A luz do sol me cega, não me deixa enxergar a vida, as flores ou o que possa haver de belo.
            Mas esse desabafo é a toa, nada vai mudar, amanhã começa tudo de novo, amanhã só terei a certeza de ter aguentado firme por mais um dia. E amanhã espero que os “adeus” que recebi não doam tanto, não me façam chorar, porque aos poucos estou secando, me perdendo de mim e não sei se saberei voltar.

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