Quando criança adorava tempo de chuva. Lembro de jogar na
cama dos meus pais, deitar entre eles e ficar por horas conversando e vendo TV,
não havia nada que pudesse superar essa alegria. Um único cobertor protegia os
três do frio, nos unia a cada segundo mais, ali soube o que é está plenamente
feliz, não importavam os problemas, ali somente havia amor e felicidade.
Nas noites
de pesadelo, sabia que podia chamar, sempre haveria minha mãe por mim e se eu
pegasse no sono no sofá, meu pai faria dos braços berço e me levaria até a cama
me dando um último beijo de boa noite. Às vezes ainda me deixavam dormir na
cama deles, ali eu sabia que nada no mundo poderia me ferir, eu sonhava,
desejava a eternidade daquele momento.
Agora as
noites de frio me assustam por não ter ninguém por mim, se dormir no sofá, o
mais próximo de mudança é acordar no chão e a felicidade, essa eu nem sei onde
foi parar. Eternizo apenas lembranças, torço para que amanheça depressa, temo a
qualquer barulho e choro por medo, da solidão, do frio, da indiferença.
Meus ombros
andam caídos, pesam uma tonelada e sorrir me custa. Acordar com a casa vazia e
o café por fazer tira o pouco de ânimo que tento ao máximo reter em mim. A luz
do sol me cega, não me deixa enxergar a vida, as flores ou o que possa haver de
belo.
Mas esse
desabafo é a toa, nada vai mudar, amanhã começa tudo de novo, amanhã só terei a
certeza de ter aguentado firme por mais um dia. E amanhã espero que os “adeus”
que recebi não doam tanto, não me façam chorar, porque aos poucos estou
secando, me perdendo de mim e não sei se saberei voltar.
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