terça-feira, 12 de março de 2013

Rabiscos da madrugada

                Meu cigarro hoje foi pra você, foi por você. O uísque também brindei em seu nome. Na minha insônia, estava estampado seu rosto. Nas minhas lágrimas, saudade de você. Na dor do meu peito estava cravado seu nome. E em mim, em mim havia a tristeza de ter te perdido.
                Vinicius de Moraes disse, certa vez, que a felicidade não o deixava ser poeta. Agora eu, me faço o mais romântico dos poetas pela dor e pela tristeza que sua ausência me causa. Vou reaprender a sobreviver sem você, vou te guardar dentro de mim e vou provar, mais uma vez, a mim, que é possível fazer de um falso sorriso, uma máscara para os dias de aflição.
                Certo dia te descrevi em um poema e quando dei por mim, havia descrito o próprio amor. Falei do seu sorriso e do que ele me causava, falei do seu abraço e de como precisava estar ali, cheguei a falar dos seus olhos, mas lembrei de como eram profundos e me perdi no que falava, então deixei pra lá.
                Comecei, então, a falar de seus defeitos e não demorou muito para elogiá-los, pois eu também os amava. Resolvi, no entanto, ignorar suas qualidades, afinal todos amam qualidades, sendo assim, não havia, de certo, um porque para citá-las. Mas continuei a falar de você, te descrevi em cada detalhe, em cada gesto. Depois rasguei o papel em que havia escrito tudo e joguei fora.
                Não havia porque colocar no papel e tentar tirar de mim o mínimo que fosse de você. Você já me era uma parte essencial. Pensar em te esquecer, me fazia lembrar quanto o amava. Falar em te esquecer, era recitar poemas de amor. Fingir que te esqueci era só uma constante lembrança da minha fraqueza de não ter te esquecido. Então ignorei tudo, optei pelo fingir e fui dormir. Amanhã era mais um longo.

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